segunda-feira, 8 de abril de 2013

STF discute divulgar nomes de investigados nos processos


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, aproveitou o julgamento de um inquérito na sessão desta quinta-feira para defender em plenário o fim da regra segundo a qual investigações que chegam à Corte apresentam apenas as iniciais do indiciado, não o nome completo. A regra inicial, portanto, é o sigilo, mesmo sem que o segredo tenha sido oficialmente decretado pelo Judiciário. Caso o relator considere conveniente, ele autoriza a divulgação do nome completo do investigado no andamento processual.
Barbosa ameaçou revogar a regra hoje mesmo. Marco Aurélio Mello o apoiou. No entanto, outros três ministros do tribunal Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli - ponderaram que a discussão deveria ocorrer na sessão administrativa, não em plenário.
O assunto começou a ser debatido em sessão administrativa em março do ano passado, quando Carlos Ayres Britto era presidente do tribunal. Ayres Britto e Marco Aurélio votaram pela revogação da regra, mas Fux pediu vista. Hoje, Fux prometeu levar seu voto à próxima sessão administrativa, que ainda não tem data marcada. Barbosa concordou.
- Espero que o colegiado tenha o bom senso de abolir essa prática na próxima sessão administrativa - disse Barbosa.
A discussão ocorreu no julgamento de um inquérito de relatoria de Lewandowski. O nome do investigado não estava revelado no andamento processual. Entretanto, durante a sessão, o nome dele foi dito, sem que nenhum ministro apresentasse oposição. Foi quando Barbosa sugeriu revogar a regra do segredo.
- Diante da manifestação unanime do plenário, vou determinar o fim dessa prática - disse o presidente.
Lewandowski protestou:
- Estou de acordo, mas há um rito que deve ser cumprido. Se formos levar diretamente ao plenário, vamos nos sobrepor ao trabalho das comissões. Essa é uma questão relativamente complexa, que comporta nuances.
Em seguida, Toffoli explicou que a regra foi adotada na gestão de Cezar Peluso, hoje aposentado. O STF tinha aberto inquérito para investigar o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Na época, para os ministros, a repercussão do caso afetou a credibilidade das instituições brasileiras, mesmo sem que a culpa de Meirelles tenha sido comprovada.
- Esse fato não justificava a adoção de uma prática de total falta de transparência - protestou Barbosa. - A presunção de inocência não pressupõe essa opacidade que prevalece no âmbito dos processos criminais no Supremo. A regra na administração pública é a publicidade, e não a opacidade.
- A sociedade tem o direito de saber quem está sendo investigado - concordou Marco Aurélio. (O Globo)
FONTE: Associação do Ministério Público de Minas Gerais  - 05 de Abril de 2013

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