OPERACIONALIZAÇÃO E EFETIVAÇÃO DO SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem pouco mais de uma
década e meia de existência e como poucos sistemas utilizados no país tem sido
capaz de estruturar e consolidar um sistema público de saúde de enorme
relevância e que apresenta resultados quantitativos e qualitativos
inquestionáveis para a população brasileira.
Apesar de serem muitos os avanços na área da saúde,
dos grandes benefícios obtidos pela parcela mais carente da população em poder
alcançar alguns objetivos, os desafios a serem conquistados ainda são muito
grandes, pois sabemos que não raras vezes a universalização não ocorre e os
programas passam a ser focalizados.
O Sistema Único de Saúde (SUS) até chegar aos dias atuais passou por diversas transformações. Para compreendermos melhor essas transformações sofridas, devemos percorrer o caminho histórico contextualizando a criação e implantação desse sistema aos longos dos anos.
Como a assistência à saúde dos trabalhadores (com a industrialização nos países centrais) foi assumida pelo Estado e como a conquista de alguns direitos sociais pelas classes trabalhadoras foi mediada pela interferência estatal, no seu papel de manutenção da ordem social capitalista de mediação das relações entre as classes sociais, no Brasil, a intervenção estatal só veio a ocorrer na primeira metade do século XX.
Ao refletirmos sobre o avanço da divisão do trabalho, a reforma Carlos Chagas em 1923, tentou ampliar o atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo uma das estratégias da União de ampliar o poder nacional. Foram tomadas algumas medidas que constituíram como base do esquema previdenciário brasileiro a criação das Caixas de Aposentadorias e pensões (CAP's) em
As questões sociais em geral e as de saúde em particular na década de 20, precisavam transformar-se em questão política, pois aconteciam até este período com a participação de entidades caritativas e liberais no auxílio de combate a doenças (como nos portos, orfanatos, abrigos). Assim, foi importante que essa urgência fosse vista como obrigação do Estado, com a intervenção estatal e a criação de novos aparelhos que contemplassem os assalariados urbanos, que se caracterizavam como sujeitos sociais importantes no cenário político nacional.
O modelo de previdência que norteou os anos
Com o aumento do desemprego no pós-guerra e a ditadura militar, para a sociedade brasileira a afirmação de uma tendência de desenvolvimento econômico-social e político que modelou um país novo significava muito.
Mesmo com a criação do Ministério da Saúde em 1953 os
problemas estruturais não foram resolvidos, tornando-se mais complexos e
dramáticos, pois a estrutura de atendimento hospitalar de natureza privada
estava montada e a corporação médica ligada aos interesses capitalistas era
organizada e pressionava o financiamento através do Estado, da produção
privada, defendendo claramente a privatização, a unificação da Previdência
Social, com a junção dos IAP?s em 1966. A medicalização da vida social foi
imposta, tanto na Saúde Pública quanto na Previdência Social e o setor saúde
precisava assumir as modificações tecnológicas ocorridas no exterior.
As reformas realizadas na estrutura organizacional
não conseguiram reverter a ênfase da política de saúde, caracterizada pela
predominância da participação da Previdência Social, através de ações
curativas, comandadas pelo setor privado.
O Ministério da Saúde, entretanto, retomou as medidas
de saúde pública, que embora de forma limitada, aumentaram as contradições no
Sistema Nacional de Saúde. A sociedade brasileira ao mesmo tempo em que
vivenciou um processo de democratização política superando o regime ditatorial
instaurado em 1964 experimentou uma profunda e prolongada crise econômica que
persiste até os dias atuais.
No ano de 1986, intensificou-se o Movimento Sanitário, sendo convocada a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), visando discutir a nova proposta de estrutura e política de saúde para o país. Como resultado deste encontro surgiram propostas de reformulação do sistema nacional de saúde, sendo documentadas e conhecidas como projeto da Reforma Sanitária Brasileira. O projeto da Reforma Sanitária foi gerado na luta contra o autoritarismo e pela ampliação dos direitos sociais.
Em
Pode-se perceber que a população passa a lutar por seus direitos de cidadãos e pela melhoria da qualidade de vida. Em 1988 foi aprovada a nova Constituição Brasileira, adotando então, a proposta da Reforma Sanitária e do SUS, em oposição à ditadura militar. Deve-se ressaltar que houve resistência em aceitar tal fato, uma vez que o modelo médico assistencial privatista privilegiava determinados grupos sociais. Porém, para a implantação do SUS, era necessária a formulação de leis, mas somente em 1990 foi aprovada a Lei Orgânica da Saúde.
O processo constituinte e a promulgação da Constituição de 1988 representaram, no plano jurídico, a promessa de afirmação e extensão dos direitos sociais em nosso país frente à grave crise e às demandas de enfrentamento dos enormes índices de desigualdade social.
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